10 abril, 2009

Down the River #02

Se o 1º dia tinha decorrido como previsto, o 2º revelou-se um martírio...

A noite tinha sido terrivelmente fria. Sobretudo para quem não se tinha precavido com um saco-cama de inverno ou algo mais com que se cobrir!
E o contraste entre o calor do dia e o frio da noite foi algo surpreendente!

Ao sair de Fráguas vislumbraram-se de imediato as primeiras dificuldades. O terreno daqui para a frente não era de todo como o que havíamos experimentado no dia anterior.
Aos primeiros passos, temos quase de imediato que cruzar o rio; subir a encosta íngreme de pinheiros cortados e secos, e voltar a descer... e voltar a cruzar o rio...
Atravessar o rio, é um sacrifício constante! Descalçar as botas, tirar as meias, 'arregaçar' as calças e 'enfiar' os pés na água gelada do rio... atravessar e voltar a calçar as meias e as botas, colocar a mochila às costas e seguir... E quando a corrente é mais forte e obriga a passar as mochilas através da corda que levávamos, toda a tarefa é irremediavelmente lenta...

O 2º dia foi, no que respeita à caminhada propriamente dita, o mais curto! Caminhamos muito pouco devido as inúmeras travessias do rio e dificuldades do caminho.
Contudo, ao sair das margens para almoçar, já a tarde ia adiantada, dizem-nos ter de seguir por uma estrada que 'vai dar a Mões' e daí ser mais fácil conseguir uma boleia para Castro Daire.
A estrada é desértica... não passa ninguém. Nem para um lado nem para o outro...
Já caminhávamos à algum tempo quando resolvemos parar um pouco. Nisto... um carro. Vem no sentido contrário ao nosso. Ao ver-nos sentados no chão, de mochilas pousadas e botas descalças, pára ao nosso lado e pergunta se precisamos de alguma coisa.
- 'Uma boleiazita dava jeito...'
Ao que o Paulinho nos responde; - 'Vou só ali ver as minhas 'aves' e volto já. Levo-vos onde quiserem!'
O Paulinho é uma daquelas personagens surreais. Não passava dos 30Km/h. Por vezes temia que fosse parar no meio da estrada. A 5ª mudança era um misterio para ele... mesmo a descer em plena auto-estrada!
Apesar de tudo, o Paulinho foi uma benção nesse dia desgastante. Chegou a oferecer-se para nos levar a casa. Ficamos por Castro Daire. E como não se afigurava um bom local para pernoitar, fomos no autocarro escolar até Reriz, uma simpatica aldeia a jusante onde pudemos montar a tenda num pequeno areal e jantar no não menos simpatico restaurante Martins, que ainda me emprestou um cobertor para melhor passar a noite.

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