Já lá vai um mês...
Raras foram as vezes, por muito que tenha gostado de um sitio ou país, que tenha ficado com tanta vontade de regressar...
Marrocos é assim!
O aeroporto de Tânger tem o nome desse grande viajante marroquino; Ibn Battuta. Sinto-me como que motivado com tal constatação.
É necessário preencher um formulário para entregar ao policia da alfandega. De onde venho, o que faço, quanto tempo vou ficar... Ao sair, esperava encontrar a pressão marroquina, mas não acontece. Assim, procuro com quem partilhar um táxi que me leve a Chefchaouen ou, pelo menos, até à central de autocarros. Não é difícil, e em poucos minutos estou a caminho, percorrendo as estradas de Marrocos num autocarro local onde é preciso pagar a quem nos coloca a mochila na bagageira, ao tipo que vende bilhetes e ao outro tipo que nos disse onde estava o autocarro... tudo funciona na base da comissão. Mas a simpatia é geral...
Chefchaouen é mesmo azul!.. E o consumo de droga generalizado...
Sinto pela primeira vez a tal pressão marroquina. Primeiro com um tipo que me quer levar até ao centro da vila com o intuito de se cobrar disso - ainda que o faça por um caminho que sei ser mais longo - depois pela constante oferta de haxixe.
Fora isso, Chaouen - como também é chamada - é uma vila simpática e pacata encrostada no vale das montanhas do Rif. Janto 'tajine' e chá de menta ao som da chamada para a oração na mesquita mesmo em frete ao restaurante.
Era tempo de Ramadão. Sentia-se uma certa indolência nas pessoas e uma certa irritação ao fim do dia. Não será fácil passar todo o dia sem comer ou beber o que quer que seja.
Mas às 7 da tarde, quando a mesquita dá o toque de autorização para a refeição, o país pára!
As pessoas juntam-se para comer a harira - a sopa típica do Ramadão - e beber chá.
Tive o prazer de provar a minha primeira harira ao segundo dia em Marrocos, oferecida pela proprietário do restaurante...
Estou de partida para Oujda. Os únicos motivos que me levam a fazer 9 horas de autocarro até às proximidades da fronteira argelina são as paisagens do caminho e a possibilidade de uma viagem nocturna nos comboios marroquinos.
As paisagens costeiras do mediterrâneo são fantásticas, especialmente em contraste com as do sul da Europa. Em Oujda ninguém fala inglês e eu também não falo francês... tenciono comprar um bilhete numa carruagem cama. Dão-me um de segunda classe...
Duas horas antes da partida a estação está repleta. À chegada do comboio todos correm à procura de um compartimento vazio. Acho melhor tentar trocar o bilhete por um de primeira classe, uma vez que o comboio com camas nem sequer é este. Peço ajuda a um policia - fala inglês! Leva-me à bilheteira e tenho o meu primeiro bilhete de primeira classe de sempre...
É Domingo e o dia ainda mal começou. Não se vê muita gente nas ruas da antiga Mazagão. Deambulo pela 'Cite Portuguese' de El-Jadida em busca dos vestígios lusitanos e da sua famosa cisterna.
O forte e a cisterna são de facto dignas de visita. Sinto-me verdadeiramente mais em casa nestas ruas. A vista sobre o porto e o atlântico roubam-me as horas que restavam dessa manhã.
Rumo a sul e às praias de ventos alísios de Essaouira.
A Medina de Essaouira é caótica e apresenta um forte contraste com o resto da cidade. Aliás, o exterior das muralhas é o de uma vila balnear europeia, mas o ambiente é acolhedor. Há vestígios da presença portuguesa, espanhola e francesa por todo o lado e nada melhor para o constatar que uma pequena e demorada caminhada pela Skala.
Conhecida igualmente pelo seu porto e mercado de peixe, almoço um tabuleiro repleto e à escolha - desde lulas a lagosta - por menos de 10€... com a garantia de confecção na hora!
Mais chá de menta que a minha estadia por aqui termina já amanhã... a caminho de Marraquexe!
Marraquexe!.. Como descrever esta cidade?
Tudo vive em torno da sua Medina! Quer sejam ou 'souks', quer seja a praça 'Jemaa El Fna' - o coração de Marraquexe.
É preciso lá ir!.. As cores do céu ao fim do dia; os cheiros das bancadas na praça central e toda a animação; a confusão dos 'souks' e o regatear associado; as suas riquezas patrimoniais... tudo é cor, animação e descoberta...
Fico no hostel nº1 de África em 2008 - o Equity Point. Recomendação bem atribuída, como posso perceber. Estou num Riadh, no centro da Medina com pequeno almoço e um serviço fantástico... por 15€...
O ideal aqui é deixar-se perder... caminhar pelas ruas apinhadas de gente, ouvir as suas estórias, sentir a sua fé, entrar e sair das lojas e conversar com os seus proprietários, subir a um terraço ao entardecer e sentir o vibrar da praça... e novamente os cheiros, as cores...
E adoecer... o que acaba por acontecer mais tarde ou mais cedo.
Sempre me disseram para não beber água que não fosse engarrafada, mas não é suficiente. Acaba mesmo por acontecer por causa de qualquer coisa que se coma ou beba...
Um dia inteiro de cama e idas intermináveis ao wc como consequência...
Marrocos é um país fascinante e Marrakech tem um magnetismo tremendo... também volto sempre com vontade de regressar! Que saudades!
ResponderEliminarQuanto aos outros "precalços", é mesmo assim, acaba sempre por acontecer... fazem parte :-)