16 setembro, 2009

Marrocos (parte I)

Já lá vai um mês...

Raras foram as vezes, por muito que tenha gostado de um sitio ou país, que tenha ficado com tanta vontade de regressar...
Marrocos é assim!

O aeroporto de Tânger tem o nome desse grande viajante marroquino; Ibn Battuta. Sinto-me como que motivado com tal constatação.
É necessário preencher um formulário para entregar ao policia da alfandega. De onde venho, o que faço, quanto tempo vou ficar... Ao sair, esperava encontrar a pressão marroquina, mas não acontece. Assim, procuro com quem partilhar um táxi que me leve a Chefchaouen ou, pelo menos, até à central de autocarros. Não é difícil, e em poucos minutos estou a caminho, percorrendo as estradas de Marrocos num autocarro local onde é preciso pagar a quem nos coloca a mochila na bagageira, ao tipo que vende bilhetes e ao outro tipo que nos disse onde estava o autocarro... tudo funciona na base da comissão. Mas a simpatia é geral...

Chefchaouen é mesmo azul!.. E o consumo de droga generalizado...
Sinto pela primeira vez a tal pressão marroquina. Primeiro com um tipo que me quer levar até ao centro da vila com o intuito de se cobrar disso - ainda que o faça por um caminho que sei ser mais longo - depois pela constante oferta de haxixe.
Fora isso, Chaouen - como também é chamada - é uma vila simpática e pacata encrostada no vale das montanhas do Rif. Janto 'tajine' e chá de menta ao som da chamada para a oração na mesquita mesmo em frete ao restaurante.



Era tempo de Ramadão. Sentia-se uma certa indolência nas pessoas e uma certa irritação ao fim do dia. Não será fácil passar todo o dia sem comer ou beber o que quer que seja.
Mas às 7 da tarde, quando a mesquita dá o toque de autorização para a refeição, o país pára!
As pessoas juntam-se para comer a harira - a sopa típica do Ramadão - e beber chá.
Tive o prazer de provar a minha primeira harira ao segundo dia em Marrocos, oferecida pela proprietário do restaurante...

Estou de partida para Oujda. Os únicos motivos que me levam a fazer 9 horas de autocarro até às proximidades da fronteira argelina são as paisagens do caminho e a possibilidade de uma viagem nocturna nos comboios marroquinos.
As paisagens costeiras do mediterrâneo são fantásticas, especialmente em contraste com as do sul da Europa. Em Oujda ninguém fala inglês e eu também não falo francês... tenciono comprar um bilhete numa carruagem cama. Dão-me um de segunda classe...
Duas horas antes da partida a estação está repleta. À chegada do comboio todos correm à procura de um compartimento vazio. Acho melhor tentar trocar o bilhete por um de primeira classe, uma vez que o comboio com camas nem sequer é este. Peço ajuda a um policia - fala inglês! Leva-me à bilheteira e tenho o meu primeiro bilhete de primeira classe de sempre...

É Domingo e o dia ainda mal começou. Não se vê muita gente nas ruas da antiga Mazagão. Deambulo pela 'Cite Portuguese' de El-Jadida em busca dos vestígios lusitanos e da sua famosa cisterna.
O forte e a cisterna são de facto dignas de visita. Sinto-me verdadeiramente mais em casa nestas ruas. A vista sobre o porto e o atlântico roubam-me as horas que restavam dessa manhã.



Rumo a sul e às praias de ventos alísios de Essaouira.
A Medina de Essaouira é caótica e apresenta um forte contraste com o resto da cidade. Aliás, o exterior das muralhas é o de uma vila balnear europeia, mas o ambiente é acolhedor. Há vestígios da presença portuguesa, espanhola e francesa por todo o lado e nada melhor para o constatar que uma pequena e demorada caminhada pela Skala.
Conhecida igualmente pelo seu porto e mercado de peixe, almoço um tabuleiro repleto e à escolha - desde lulas a lagosta - por menos de 10€... com a garantia de confecção na hora!
Mais chá de menta que a minha estadia por aqui termina já amanhã... a caminho de Marraquexe!



Marraquexe!.. Como descrever esta cidade?
Tudo vive em torno da sua Medina! Quer sejam ou 'souks', quer seja a praça 'Jemaa El Fna' - o coração de Marraquexe.
É preciso lá ir!.. As cores do céu ao fim do dia; os cheiros das bancadas na praça central e toda a animação; a confusão dos 'souks' e o regatear associado; as suas riquezas patrimoniais... tudo é cor, animação e descoberta...
Fico no hostel nº1 de África em 2008 - o Equity Point. Recomendação bem atribuída, como posso perceber. Estou num Riadh, no centro da Medina com pequeno almoço e um serviço fantástico... por 15€...
O ideal aqui é deixar-se perder... caminhar pelas ruas apinhadas de gente, ouvir as suas estórias, sentir a sua fé, entrar e sair das lojas e conversar com os seus proprietários, subir a um terraço ao entardecer e sentir o vibrar da praça... e novamente os cheiros, as cores...
E adoecer... o que acaba por acontecer mais tarde ou mais cedo.
Sempre me disseram para não beber água que não fosse engarrafada, mas não é suficiente. Acaba mesmo por acontecer por causa de qualquer coisa que se coma ou beba...
Um dia inteiro de cama e idas intermináveis ao wc como consequência...

1 comentário:

  1. Marrocos é um país fascinante e Marrakech tem um magnetismo tremendo... também volto sempre com vontade de regressar! Que saudades!
    Quanto aos outros "precalços", é mesmo assim, acaba sempre por acontecer... fazem parte :-)

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