Durante a curta estadia em Adis, resolvo fazer uma visita à estação de caminhos-de-ferro – um edifício belo, de traços coloniais e amarelo baço – e fico à conversa com três dos seus funcionários. Apesar de há mais de dois anos não haver qualquer serviço de passageiros ou qualquer actividade ferroviária, os funcionários continuam a dirigir-se diariamente para os seus postos de trabalho, ainda que não haja nada mais que fazer do que esperar o ordenado no final do mês.
O senhor Abeba – chefe da estação – um homem simpático e bem-disposto, conta-me um pouco da história da companhia; a linha foi inaugurada em 1917 contando a sua construção com capital francês, tendo sido criada a ‘Compagnie Impériale du Chemin de Fer Franco-Éthiopien’, o que justifica o emprego do francês em todo o layout das estações, neste país que nunca foi colonizado. Nos anos 50, aquando da visita de Elizabeth II à Etiópia, Selassie recebeu de presente da rainha uma luxuosa composição presidencial, provida de ar condicionado, algo completamente inovador para a época;
- Foi o único país africano que a rainha visitou! Saiu daqui, esteve três horas em Nairobi e voo de regresso a Londres – conta Abeba com orgulho por entre gargalhadas e insinuações de um eventual caso amoroso entre a rainha e o imperador Etíope, que terá posteriormente viajado para Inglaterra cerca de 15 vezes, diz-me…
Recentemente os comboios deixaram de circular por profundas deficiências na linha. Da União Europeia surgiu um compromisso de ajuda, mas em dois anos, com todas as exigências de democracia e atrasos nas obras, os chineses tomaram o seu lugar e em menos de um ano construíram cerca de 300Km de linha – ainda que Abeba reconheça serem de qualidade duvidosa – a contrastar com os cinco deixados pelos europeus.
Antes de me despedir, o senhor Abeba – percebendo a minha paixão pelo universo ferroviário – leva-me a visitar o seu escritório; um mini museu ferroviário, repleto de fotografias da inauguração da linha e de pequenos presentes que vai recebendo de outros entusiastas um pouco por todo o mundo, e como lembrança de despedida, oferece-me antigos bilhetes dos comboios que em tempos por aqui circulavam.
Então Menino Mateus?? nunca mais chegas ao destino? já chega... anda tim bora! ;) beijinho meu e da Magui, que está tão grande e gordinha que nem imaginas!! ;)
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