31 julho, 2013

MUSEU SUBTERRÂNEO

Por mais que goste de viajar, nunca me habituarei a esta partidas... Às despedidas. Às filas intermináveis em zig-zag. Às verificações de segurança, à multidão que parte para tudo quanto é canto do mundo. À tensão da descolagem e ao vazio do voo. Antes uma estacão e um comboio durante dias...
Perfilam-se os pórticos da Vasco da Gama à direita da minha janela.
A hospedeira de bordo conversa com a mulher gravida na fila de trás. Fala sobre um qualquer incidente aéreo que terá causado o corte do escalpe a alguns passageiros... Reconfortante!.. Fico a saber - da conversa que decorre nas minhas costa - que após três anos de serviço no ramo da aviação, pilotos, hospedeiras e afins, ficam impedidos de doar órgãos, devido aos efeitos das constantes alterações de pressão a que o corpo é submetido nas descolagens e aterragens...
O avião faz-se à pista e só os teus dedos entrelaçados nos meus me valeriam neste momento...

Moscovo.
A viagem às estacões de metro é como uma descida interminável às catacumbas desta cidade. As escadas-rolantes que lhes acessão, são tão íngremes que quando desço, tenho a constante sensação de estar a cair para a frente, a mergulhar neste poço vertiginoso.
As primeiras estacões foram construídas a grande profundidade para servirem de bunker em período de guerra. Mayakovskaya, chegou mesmo a abrigar o quartel-general das Forcas de Defesa Antiaéreas e foi aqui que Estaline se dirigiu aos seus generais antes da partida destes para a frente de combate.
Desço às entranhas da cidade. Uma multidão imensa e ordeira, sobe e desce estas escadas infindáveis, afunilando-se à sua chegada como quem entra para os curros. 
Há por aqui, vidas intrigantes... Aqui, no sopé desta colina de ascensão eléctrica, um funcionário - um 'controlador de escadas-rolantes' - passa as suas horas de trabalho enclausurado num espaço tão exíguo que não deverá dar sequer para mexer as pernas... não raras as vezes, os vejo dormitar nos seus cubículos acanhados, de mini-ventoinha ligada, agarrados a uma espécie de joystick...

A rede de metro é obra de toda a Rússia! Por decreto de Estaline, homens e mulheres vieram de toda a União Soviética para trabalharem ao lado do Exercito Vermelho e dos membros da Liga da Juventude Comunista na sua construção.
Vitrais, candelabros, esculturas, mármores. Símbolos comunistas e heróis de guerra e revolucionários. Tudo aqui é majestoso!
Viajar por aqui é como entrar num museu de diversas salas e ser transportando entre elas sobre carris... Estas estações  são verdadeiros salões palacianos, o que em abono da verdade, ajudava sobremaneira, a satisfazer as vontades propagandistas do partido comunista.


Acompanha-me nesta viagem também em: www.facebook.com/allaboardmb

1 comentário: